Nubank faliu? Entenda o que está acontecendo com a empresa

A migração dos BDRs do Nubanks para a bolsa brasileira se transformou em um medo coletivo do fechamento do banco digital no Brasil. Veja:

Se você recebeu vídeos alarmantes dizendo que o Nubank faliu e aconselhando você a sacar os fundos ali depositados, não se desespere. Neste texto vou explicar tudo o que está acontecendo com a empresa, mas direi agora que você não precisa se preocupar.

Primeiro, não, o Nubank não faliu, nem está saindo do Brasil.

Por que você recebe tantas mensagens desesperadas? Porque a comunicação do Nubank sobre o que faz no mercado de ações não foi clara.

Mas vou explicar tudo para você aos poucos. Para isso precisamos voltar no tempo e voltar a dezembro de 2021 quando o Nubank abriu seu capital.

Ao decidir sobre uma oferta pública de ações (IPO), uma empresa pode escolher qualquer bolsa de valores do mundo para fazê-lo. Na verdade, ela pode até se listar em vários ao mesmo tempo.

Aliás, acho que vale ressaltar que a intenção de uma empresa ao abrir o capital é levantar recursos que possam servir a diversos propósitos, como: B. aumentar as operações, comprar um negócio ou até mesmo quitar dívidas.

No caso do Nubank, os recursos captados seriam utilizados para capital de giro, despesas operacionais, investimentos, novos investimentos e aquisições de empresas, produtos, serviços e tecnologias. Tudo isso está no prospecto do IPO.

Nubank faliu: ação na NYSE, BDR na B3

Lembra que eu disse que uma empresa pode escolher qualquer exchange para abrir o capital? Pois bem, o Nubank optou por negociar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE, mas também está listado na B3 no Brasil. No entanto, as ações do Nubank não são negociadas diretamente aqui, mas os recibos de ações ou Brazilian Depositary Receipts (BDRs).

Os BDRs são certificados negociados no pregão da B3 que representam ações emitidas por empresas que abrem capital em outros países.

Para ter BDRs na Bolsa de Valores brasileira, uma empresa pode escolher entre diferentes níveis de segurança, cada um com requisitos diferentes. No momento da listagem, o Nubank optou por BDRs Nível III, que exigem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) como companhia aberta.

No momento do IPO, a dupla listagem foi escolhida para viabilizar o programa NuSócios, que doou BDRs para cerca de 7,5 milhões de clientes em troca de registro na corretora do banco.

E assim o Nubank ficou até 15 de setembro do ano passado, quando os investidores receberam uma explicação bem complicada.

Fim dos BDRs?

No documento, o Nubank comunicou sua intenção de iniciar um processo para descontinuar seu programa de BDRS Stage III. O passo a passo traçado pela empresa culminou no cancelamento do registro de companhia aberta do Nubanks na CVM.

O Nubank está listado nos EUA e no Brasil e mantém diferentes estruturas operacionais e administrativas para atender às regras específicas dos dois mercados. A justificativa do Nubank para essa mudança foi, portanto, maximizar a eficiência e minimizar as redundâncias subsequentes de uma empresa pública em mais de uma jurisdição.

Mas até lá, a empresa deve migrar seus BDRs de Nível III para o Nível I, que não exige registro na CVM.

Para que essa migração ocorra, o Nubank oferecerá aos investidores em BDRs três caminhos diferentes: conversão dos BDRs em ações nos EUA, venda ou migração para o Nível I.

Todo esse processo está sujeito à aprovação tanto da B3 quanto da CVM e não há tempo de execução estimado.

Sem falência, mas com governança afetada

Essa mudança significa apenas que o Nubank se concentra no mercado de capitais americano e não tem nada a ver com uma possível falência da empresa. O banco digital continuará operando normalmente no Brasil para atender seus mais de 65 milhões de clientes.

Mas vale notar que alguns analistas não gostaram da mudança. O Itaú BBA considerou o movimento negativo tanto para os acionistas minoritários do Nubanks quanto para a governança corporativa das fintechs.

Na prática, acreditamos que os relatórios de lucros podem se tornar piores e ainda menos comparáveis ​​às instituições financeiras locais, escreveram os analistas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *